sexta-feira, dezembro 12, 2008

Caindo

Não podia vencer e sabia disso... apenas um idiota desafia algo que não pode vencer. - Retire-se! - Sussurro.

Os sábios esperam e se fortalecem. Só então desafiam. Olhos, que deveriam ser celestiais, me olham com ódio infernal! Devolvo-lhes o sentimento, com olhos em chamas... eles observam-me, num misto de ódio e desapontamento. Minhas asas se foram... minha lança é a única coisa que me resta. Quero atacar, mas é espudidez fazê-lo! Os desafiaria por eras, se fosse preciso... mas não agora...

- Retire-se! - Ordeno-me.

Então a luz..
Caí.

terça-feira, dezembro 09, 2008

Contemplação de Astaroth

Penas negras escurecem o ambiente. Uma dança insana gira ao meu redor. Dança, onde sangue e gritos circulam maravilhosamente belos e aterradores. Ao longe duas figuras. Anjos. Os mais belos. As mais belas.
Os olhos de uma delas torna-se de uma rubro que jamais esquecerei. Uma lança. Uma espada. Cada uma delas com seus instrumentos de dor. Parte delas.. Parte de mim. Uma olha-me. Aponta sua lança em minha direção. Conheço-a como nenhum outro já conheceu. Ela não sorriria. Sua feição angelical é terrível! E linda...
De outro lado, dois lindos olhos se colorem de um amarelo alaranjado. Um círculo de fogo brota de sua íris. Olham em minha direção. Aquelas duas a me olhar. A batalha insana logo abaixo de nós. Do alto daquela pedra gigantesca onde me encontro, olho para o fundo daquele vale de proporções dantescas. Sangue, penas e gritos. Meu coração, imortal, acelera. O amor por elas é surreal. Mortais jamais sentiram algo assim. E jamais sentirão. Minhas asas negras abrem-se, tomando proporções tão maravilhosas que uma sombra enorme toma conta do vale. Três pares de asas abertas tomam conta daquele vale maravilhoso. Lugar onde caminhamos há eras, e que agora é o lar da guerra, do amor e do ódio.
Lá de baixo daquele vale um grito é o sinal. A voz do Quarto entre nós pode ser escutada em nossas mentes. Ele clama por nós e nós clamamos por ele. Ele é cruel e perigoso. Mas sua paixão pela causa faria o corpo de um mortal dilacerar-se ao sentir tal sentimento. Atendemos ao chamado do Quarto e descemos com as asas abertas em direção ao vale. Em direção à batalha pela paixão. Pela dor.
As serpentes sibilam ao redor de minha lança, olhando o tempo inteiro em direção à batalha, às penas e ao sangue que parece fazer parte do ambiente. Enquanto meus olhos contemplam as duas, partes de mim, que voam ao meu lado. No entanto, os olhos de fogo de minha amada penetram o mais profundo que um olhar pode em minha essência. Aquele olhar para uma alma humana a extinguiria de imediato. Um amor incondicional estremece meu corpo e minhas asas. Ela sente o mesmo. Sussurro então:
- Seja feita a nossa vontade.
Em minha mente escuto o sussurro vindo de suas bocas.
- Seja feita a nossa vontade...
Os olhos negros de uma de minhas irmãs voltam-se para a batalha, enquanto os olhos de fogo, mesmo fitando agora em outra direção, continua a me acompanhar. Sussurram: amo-te... amo-te... amo-te...
Por eras esse sussurro me acompanha. No fogo ou na água...

terça-feira, dezembro 02, 2008

Segredos

Ao longe só se via uma grande fogueira.

Ele corre desesperadamente, desce a colina e quando chega encontra-a envolta em chamas.

- Pare com isso! – grita o rapaz.

- Me consumirei em chamas – responde a moça serenamente.

- Não!

- Estamos errados... Eu não nasci para ser sua... – a lagrima evapora assim que se desprende do olho dela.

- Se pretendes se consumir em chamas, eu virarei vapor! – ele a envolve com um manto de água e uma densa nuvem de vapor se forma ao redor dos dois.

- Não faça isso, deixe-me ir, meu sofrimento vai acabar... – implora ela.

- Não! Se você for eu também irei. Eu te amo, entendeu?

Ela vira o rosto, as chamas ficam cada vez mais intensas.

- Mas... Eu não posso te amar! – grita a jovem.

- Quem disse?

- Tu sabes muito bem quem disseste isso!

- O que te impede de amar os dois?

- O amor que sinto por ti, era para sentir por ele!

- Não! Não podemos amar forçados, nossa essência escolheu!

- Somos opostos!

- Os opostos se atraem minha querida...

- Meu...

- ... Meu amor...

- Abaixe suas chamas, não estou agüentando...

Ela fecha os olhos e o calor ao redor dos dois é diminuído.

- A...

- Chiu! Não fale meu nome... – ele coloca o dedo nos lábios dela.

- Mas...

- Chame de meu amor, eu saberei a quem está se referindo e eles nunca saberão que o tipo de amor por ele é diferente, como o meu por Laurana. Apenas saberão que amas, mas não saberão em que intensidade e eu lhe peço que só volte a pronunciar meu nome quando eu o sussurrar em seu ouvido.

Os dois se beijam intensamente e as asas negras dele os envolvem, abraçando. Ali eles consumam o amor que sentem e depois ficam apenas se contemplando.

- Estará protegida por mim...

- Estamos diante de uma grande luta, e eu lutarei ao seu lado, com toda a minha força, nós quadro, juntos! – ela fala firme.

- E se por acaso viermos a nos separar eu te chamei pelo seu nome, e essa será a forma de eu disser que estás segura de novo comigo...

Uma fina chuva cai sobre os dois, molhando as penas. Ela balança suas asas o fazendo sorrir.

- Essa chuva fina sela nosso pacto... Nosso segredo.

- Somente nosso...

- E tu serás minha, agora e para sempre...

- Para sempre sua... Eu te amo, e no meu coração não pisará outro homem... Não da forma que tu está aqui... Minha essência é a sua essência.

- Eu te amo! – ele a abraça com força e os dois adormecem na relva da colina.